A chegada de Romano Floriani Mussolini ao Cremonese para a disputa da temporada 2025/2026 da Serie A reacende um debate incômodo na Itália: como separar o jogador da herança histórica e política que carrega no sobrenome? 

Bisneto de Benito Mussolini, ditador fascista que comandou o país durante a Segunda Guerra Mundial, o atacante de 22 anos foi emprestado pela Lazio após uma sequência de empréstimos em clubes de divisões inferiores. O mais recente deles foi no Juve Stabia, pela Série B, onde fez 37 jogos, marcou um gol, deu duas assistências e despertou o interesse da nova equipe após boas atuações.

Formado nas categorias de base da Roma e da Lazio, Romano assinou seu primeiro contrato profissional em 2021. Desde então, tem percorrido um caminho discreto em campo, mas constantemente acompanhado por polêmicas fora dele. A própria torcida organizada da Lazio tem uma parcela com ligações fascistas e neonazistas o que torna ainda mais sensível a presença de um jogador com o sobrenome Mussolini no clube.

Em dezembro do ano passado, após marcar um gol pelo Juve Stabia contra o Cesena, a torcida celebrou com gritos de “Mussolini” e saudações fascistas, gesto que provocou repercussão internacional e levou a Federação Italiana a abrir investigação. Em entrevista recente à Gazzetta dello Sport, o jogador reforçou seu desejo de ser chamado apenas de “Romano Mussolini”, apesar do histórico familiar controverso.

No campo, o objetivo do atleta é claro, ser avaliado pelo que entrega com a bola nos pés, não pelo sangue que carrega. Com estreia marcada na Serie A contra o Milan, o jogador busca estabilidade e protagonismo, agora em um clube que apostou nele mesmo com o peso político que o nome carrega. No entanto, mesmo declarando-se alheio à política, Romano sabe que seu sobrenome continuará sendo um ponto de convergência entre esporte, história e controvérsias.

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