Em um país onde treinadores mal resistem a uma temporada inteira, a história de Amadeu Teixeira é um caso único, quase lendário. Nascido em Manaus, em 18 de junho de 1926, ele se tornou o técnico mais longevo da história do futebol brasileiro — e, por muitos anos, o mais longevo do mundo à frente de um único clube. Foram 54 anos ininterruptos no comando do América Futebol Clube, do Amazonas, escrevendo uma trajetória como poucas na história do esporte conseguiram.

Amadeu assumiu o comando do América em 1955, num cenário completamente diferente do futebol atual. Sem as câmeras da TV, sem redes sociais e longe dos grandes centros do futebol nacional, ele encarou o desafio de estruturar e dar identidade a um clube que sempre brigou por espaço no competitivo futebol amazonense. E não largou o cargo até 2008.

Mas sua paixão pelo Mequinha começou muito antes de se tornar técnico. Em 1939, aos apenas 13 anos, Amadeu já estava próximo do clube, participando ativamente da sua fundação, no dia 2 de agosto. O futuro treinador iniciou sua trajetória no América como massagista, depois atuou como fisioterapeuta, até finalmente chegar ao cargo de técnico, onde fez história. 

Seu feito entrou para o Guinness Book em 2017, como o treinador com mais tempo consecutivo no comando de um mesmo clube de futebol no mundo. Um recorde que impressiona ainda mais quando comparado ao ritmo acelerado e impaciente do futebol moderno, em que treinadores frequentemente são demitidos após uma sequência de maus resultados.

Mesmo com recursos modestos e fora dos holofotes das grandes ligas, Amadeu era reconhecido por sua paixão pelo esporte, pela disciplina no trabalho e por sua fidelidade incondicional ao clube do coração. Ele não treinou outras equipes — seu compromisso era com o América e com o futebol amazonense.

Em reconhecimento à sua importância para o esporte do estado, o ginásio poliesportivo de Manaus foi batizado com seu nome: Ginásio Amadeu Teixeira, um dos principais palcos esportivos do Amazonas.

Amadeu se afastou do comando técnico em 2008, já com a saúde debilitada. Faleceu em 7 de Novembro de 2017, aos 91 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos. Deixou um legado raro no futebol: o de que a fidelidade, o amor ao clube e o trabalho incansável também constroem grandes histórias.

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