O Flamengo saiu atrás no duelo contra o Atlético-MG pelas oitavas de final da Copa do Brasil. Diante de mais de 64 mil torcedores no Maracanã, o Rubro-Negro perdeu por 1 a 0, e agora precisa vencer por dois gols de diferença na Arena MRV para avançar às quartas sem depender dos pênaltis. A derrota em casa expôs escolhas questionáveis de Filipe Luís, erros individuais e uma falta de alternativas criativas que se repetem nos jogos mais exigentes. Para o Galo, a vitória representa não só uma vantagem no confronto, mas um alívio e um fôlego a mais em uma temporada turbulenta.

O jogo ficou marcado por um erro fatal de Léo Pereira, que resultou no gol solitário de Cuello, mas o tropeço do Flamengo passa por mais do que um equívoco isolado. A decisão de Filipe Luís de poupar parcialmente o time, deixando fora Arrascaeta, Jorginho e Bruno Henrique, teve impacto direto no rendimento do meio-campo, que careceu de construção. Luiz Araújo foi deslocado para a esquerda para encaixar Matheus Gonçalves pela direita, e o experimento custou caro. O time teve posse, volume, mas pouca capacidade real de criação.

Apesar de ter 62% de posse de bola e 17 finalizações, o Flamengo conseguiu apenas quatro chances reais de gol. Algumas delas perigosas, como a de Pedro ao errar o domínio após lançamento primoroso de Léo Ortiz, a finalização de Plata bem defendida por Everson e a cabeçada desviada por Emerson Royal no travessão. Mas foi pouco diante do domínio territorial. O setor criativo travou sem Arrascaeta e Jorginho, e nem Luiz Araújo, improvisado, nem Samuel Lino, que entrou bem, conseguiram transformar o volume em vantagem no placar.

Lino, aliás, foi um dos destaques individuais. Entrou aos 12 minutos do segundo tempo e incendiou a partida, criando duas boas jogadas e quase marcando um golaço. A ausência de melhor desempenho coletivo, no entanto, pesou mais. Filipe tentou equilibrar entre preservar e competir, mas não conseguiu nem o descanso ideal para seus titulares pensando no Brasileirão, nem um resultado satisfatório em casa. A equipe terá que encontrar outra postura em Belo Horizonte se quiser seguir viva na competição.

Pelo lado do Atlético-MG, o técnico Cuca armou uma equipe que soube lidar com os momentos da partida. Mesmo com mudanças na estrutura em relação ao jogo de domingo, o Galo manteve sua marcação encaixada no meio-campo rubro-negro. Alan Franco colou em Plata, Saravia anulou Luiz Araújo e Lyanco, com Alonso, protegeu a área. No início, a equipe sofreu para encontrar alternativas ofensivas, mas controlou bem os avanços do Flamengo.

Na segunda etapa, o time mineiro adiantou suas linhas e foi mais agressivo. Cuello começou a levar perigo pela esquerda, e Hulk teve boas chances em jogadas de contra-ataque. O gol veio numa pressão sobre Léo Pereira, que errou o passe e entregou a bola nos pés de Cuello, que finalizou com precisão para fazer 1-0. A partir daí, o Atlético recuou, colocou Rabello para reforçar a linha de defesa e resistiu à pressão final do Flamengo.

Cenário do confronto e próximos desafios

O placar de 1 a 0 deixa o Atlético-MG em situação confortável: pode até empatar em casa para avançar. O jogo da volta acontece já na próxima quarta-feira, às 19h, na Arena MRV. O Flamengo, por sua vez, se vê pressionado a buscar uma vitória com dois gols de diferença fora de casa, algo que, com o futebol apresentado nesta quinta, parece um grande desafio.

Enquanto o Rubro-Negro volta as atenções para defender a liderança no Brasileirão contra o Ceará, o Galo respira aliviado após mais uma atuação consistente nas Copas. A confiança mineira cresce, assim como a desconfiança sobre o planejamento do Flamengo, que flertou com o rodízio e saiu com uma derrota difícil de justificar. Agora, é tudo ou nada no segundo round desse confronto de gigantes.

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